Rio 2016

Nada de crise em Honduras, nem eleições presidenciais. As atenções, camufladas de grandes expectativas, se voltam para a próxima sexta-feira, 2 de outubro, dia em que o Comitê Olímpico Internacional (COI), em Copenhague, a capital da Dinamarca, revelará qual das quatro cidades - Rio de Janeiro, Chicago, Madri e Tóquio -, será a escolhida para sediar os 31° Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de verão, em 2016. E dependendo do resultado, o assunto se estenderá ainda por muito tempo.

Por aqui, o clima tem sido de otimismo. E não é para menos. Pela primeira vez, o Brasil desponta como uma das favoritas a realizar os jogos - nas disputas anteriores (2004 e 2012), a candidatura do Rio não passou da primeira fase. Entre os pontos favoráveis à candidatura da cidade maravilhosa estão a realização dos jogos PAN Americanos, que aconteceu na cidade em 2007, o fato de que a América do Sul nunca sediou uma olimpíada, e a boa imagem do país no exterior.

Também pesam a favor do Rio o fato de ter sido considerado, pelo comitê olímpico, uma cidade de “muita alta qualidade pela riqueza de detalhes”. Cabe citar ainda que o Rio foi elogiado por ser a única cidade a discriminar orçamento para obras de infraestrutura, e o Brasil foi escolhido como sede para a Copa do mundo de 2014.

Fora a grande simpatia pela cidade, o Rio precisa ainda se empenhar muito para sediar um evento desse porte. Como comprovado nas disputas do PAN, a cidade ainda não possui uma rede hoteleira suficiente, as distâncias entre os locais de competição é maior do que nas cidades rivais e a violência, famosa no mundo inteiro, é preocupante.

Mas nem por isso o clima de festa é ameno. O otimismo é tanto que a prefeitura e o governo decretaram ponto facultativo no dia em que o COI anunciará o resultado, e convocaram a população a vibrar, de verde e amarelo, em diversos pontos da cidade, sendo o maior deles a praia de Copacabana.

Sabemos como é importante envolver a população, não somente da cidade candidata, mas de todo o país nessa expectativa (coisa que o esporte faz como poucos). Também acompanhamos, durante três anos, o duro trabalho de todos os envolvidos nessa candidatura. Por assim ser, sabemos que há muito mais para se preocupar do que para festejar, principalmente no que cabe à esfera pública. Esperamos que, com a vitória ou não do Rio para sediar os Jogos, a educação, a violência e a miséria, recebam mais atenção de nossas autoridades. E que, mesmo em momentos de festas e empolgação, essas continuem sendo a base principal de seus trabalhos.

Não é de bom grado retirar crianças da escola em plena sexta-feira e atraí-las para a praia para festejar um resultado ainda desconhecido. Muitos menos se essas crianças forem as mesmas que tiveram suas aulas prejudicadas pela gripe suína, no início do segundo semestre. Também não é de bom tom que o evento seja realizado numa cidade controlada por traficantes que colocam em risco a vida de milhares de pessoas diariamente.

Por outro lado, se o Rio vencer, será sem dúvida uma experiência engrandecedora para o Brasil. Os jogos Olímpicos serão uma excelente oportunidade de crescimento econômico e social, o que representará um forte legado, tanto para a cidade, quanto para a população, em todo território nacional.

De qualquer forma, o Rio, mesmo com todos os percalços, já é vencedor ao sair favorito na disputa.

Boa sorte, Rio 2016!


Charge: humor e poder na comunicação

A charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, de forma implícita, por meio de caricatura, ou traço marcante, algum acontecimento atual. O termo vem do francês charger, que significa “carga” (de “carga de cavalaria”), “exagero”, ou até mesmo “ataque violento”. Ela foi criada no início do século XIX, como instrumento de oposição ao governo e permanece até hoje com o mesmo sentido.

A política é, na maioria das vezes, o alvo das charges. Não à toa, afinal, o mundo político já virou, há muito tempo, motivo de piada em diversas rodas. Com meia dúzia de palavras, ou nenhuma, a charge fala, nas entrelinhas da sutileza, mais do que um editorial de três parágrafos poderia dizer. Por esse motivo, a charge é, mais do que um desenho engraçado, uma poderosa ferramenta de crítica, pois sua simplicidade, embora carregada de informação e complexidade, se faz entender por pessoas não cultas – para compreendê-la basta estar por dentro do assunto. Mas para se fazer compreender, o chargista também precisa conhecer a visão de mundo e o contexto que o liga ao leitor. Fazer piada de português no Brasil dá certo, já em Portugal...

A polêmica que envolveu as diversas charges do profeta Maomé (em especial a que mostrava o profeta usando um turbante em formato de bomba com um pavio aceso), publicadas em setembro de 2005 por um pequeno jornal dinamarquês, é um exemplo que não pode deixar de ser citado, pois teve repercussão em todo o mundo e virou assunto diplomático. Na época, milhões de muçulmanos foram às ruas protestar contra os desenhos. O autor das charges, Lars Vilks defendeu seu trabalho dizendo se tratar de arte, mas algumas comunidades árabes e muçulmanas entenderam como insulto, pois estigmatizava os muçulmanos como terroristas. É claro que esse caso envolve, entre outras, questões muito maiores como religião e as diferenças entre Ocidente e Oriente, mas sem dúvida, mostra o poder da imagem como instrumento de comunicação e como ferramenta de expressão de uma ideia.

Apesar da inegável força da charge como instrumento de crítica político-social e de opinião, algumas ciências humanas, dentre as exceções a Antropologia e a Comunicação, e também alguns estudiosos do assunto, não consideram a imagem um veículo eficaz de informação, mas um objeto secundário dela, apenas um suporte para o texto. Para eles, a imagem (nesse caso a charge), especialmente em função do humor que carrega, não é capaz de sozinha, oferecer conclusão racional sobre o assunto, haja vista que o seu caráter lúdico põe à mesa uma diversidade de interpretações. Tal pensamento acaba desqualificando o trabalho do chargista, algumas vezes não reconhecido e até mesmo censurado dentro do próprio veículo em que trabalha.

Diferenças à parte, a charge é e continuará sendo instrumento de oposição fundamental para a sociedade, além de registro do cotidiano nacional e internacional, cheia de opinião, ousadia, reflexão, irreverência e humor. Já o chargista é e será aquele a dar, com seus traços particulares e toque pessoal, a oportunidade da tão necessária e importante reflexão ao leitor.

É possível restringir o uso da Internet?

Restringir os sites noticiosos da Internet, durante o período eleitoral, permitindo a livre manifestação de pensamento somente para os Blogs assinados por pessoa física, rede social, site de interação e de mensagens instantâneas é, para muitos, uma forma de censura que não se aplicaria às ferramentas da Web 2.0. Mesmo assim, a medida, que poderá passar a valer já na próxima eleição, tem deixado muitos candidatos preocupados com seus futuros políticos. Portais, sites de notícias e Blogs estarão, por exemplo, proibidos de divulgar opiniões ou comentários de qualquer natureza sobre os candidatos.

O que anda tirando o sono de muita gente é que, no momento em que as relações estão se restringindo cada vez mais às ferramentas como Blogs, Twitter, Youtube, Orkut, MSN, Facebbok, entre outros, está em discussão à validação de uma regulamentação do uso da internet nas campanhas políticas aos moldes da TV e do rádio. Tal regulamentação proíbe os portais em veicular propaganda política até 48 horas antes das eleições e emitir opiniões sobre os candidatos.

A proposta, que já foi aprovada, mas que enfrenta restrições dos próprios congressistas, libera a livre opinião em Blogs, mas mantém algumas regras como, por exemplo, a de vedar o anonimato, assegurar o direito de resposta mediante decisão judicial e prevê que as empresas de comunicação social não poderão dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação, sem motivo jornalístico que justifique, a partir do dia 5 de julho do ano da eleição.

Controlar os veículos de comunicação para que estes não imprimam suas preferências, como de fato ocorrem, é uma forma plausível de democratizar ainda mais as eleições. Mas regulamentar os meios de informação da web às emissoras de rádio e televisão a fim de controlar a infinidade de notícias, artigos, vídeos, fotos e textos que são lançados a cada milésimo de segundo na rede, é uma prática tanto quanto utópica. Uma vez que, tanto a TV quanto o rádio, são veículos de concessão pública, com conteúdo fácil de ser controlado. Já na Internet, é impossível limitar prazos na web e impedir que opiniões e até mesmo a divulgação dos trabalhos dos candidatos sejam emitidas, por estarem envolvidos Blogs e redes sociais.

Por assim ser, mesmo que passe a valer, a lei que limita o uso da web nas eleições continuará sendo indiferente para a maioria da população, uma vez que os debates continuarão na rede e não haverá quem fiscalizar os comentários e análises políticas durante períodos eleitorais em portais, sites e Blogs. É esperar para conferir.

E você, o que acha?

Pesquisar é preciso.
Economizar energia também.

Você já ouviu falar que pesquisar no Google polui o meio ambiente? O físico de Harvard, Dr. Alex Wissner Gross, revelou que sim. Segundo ele, em cada consulta no site de busca mais utilizado do planeta, são liberados na atmosfera cerca de 7 gramas de dióxido de carbono (CO²), um dos gases responsáveis pelo aquecimento global. E que o resultado de duas consultas, que equivale a 14 gramas de CO² seriam suficientes para preparar uma xícara de chá numa chaleira elétrica. O cientista atribuiu a emissão do referido gás à energia elétrica utilizada pelas inúmeras centrais da empresa espalhadas pelo mundo. Energia esta, proveniente, na maioria das vezes, da queima de combustíveis fósseis. Considerando todas as buscas feitas no Google, Wissner-Gross deduziu que por ano, são liberados 1,28 milhões de toneladas de CO² na atmosfera, cifra semelhante a das emissões do Laos, o 151º país mais poluente do mundo.

A Google se defende e diz que os números divulgados por Wissner-Gross são muito superiores à realidade. Segundo a empresa a emissão de CO² é de 0,2 gramas por pesquisa e não de 7 gramas. De qualquer forma, a empresa arrumou uma maneira de diminuir a poluição em suas ações. Além de ser co-fundadora de um grupo que pretende reduzir, pela tecnologia, a emissão do gás poluente em 50% até 2010 (o equivalente a 54 toneladas de CO²), lançou o www.eco4planet.com, uma espécie de Google verde, que economiza 20% de energia através da utilização da tela predominantemente preta, se comparada à tela branca. Soma-se a isso, o fato de que o eco4planet pode gerar menos cansaço visual.

Considerando que são realizadas 1,4 bilhões de buscas diárias no site com tempo médio suposto em 10 segundos por pesquisa, a Google garante que economizará anualmente mais de 5,3 milhões de kilowatts/hora. O valor equivale a mais de 48 milhões de televisores em cores desligados por uma hora e mais de 133 milhões de computadores fora da tomada pelo mesmo período.

Não importa se são 7 ou 0,2 gramas. Levando em consideração que vivemos em uma era onde nenhuma decisão ou ação tem consequências isoladas, por que não começarmos a mudança por pequenos hábitos diários?

A Blogosfera e o Jornalismo


Desde que surgiu, nos EUA - no final dos anos 60 - a internet vem revolucionando o eixo mercadológico, através da necessidade de atualização de muitos profissionais, sobretudo, os jornalistas. Assim foram com as agências de notícias, com os portais de conteúdos, homepages, comércio eletrônico, sites de relacionamentos, programas de bate-papos etc. Ao mesmo tempo em que as novas tendências exigiam uma rápida adaptação na forma de se fazer jornalismo - aumentando cada vez mais o nosso mercado de trabalho - grandes discussões foram implementadas no ramo. O jornalismo praticado por todos e de diferentes formas, passa agora a ser regido por um sistema de autogestão.
Ao explicar a história da internet em 'Internet e sociedade em rede' Manuel Castells, defende o desenvolvimento da tecnologia como sendo uma arquitetura da informação aberta e livre desde o início. Para o sociólogo, o acesso aos códigos da tecnologia foi e segue sendo aberto na base da capacidade de inovação constante.
Tais reflexões nos indicam a pensar que não é a internet que muda o comportamento, mas sim as pessoas que se apropriam dela e mudam a internet. O mesmo acontece com a forma de jornalismo praticado em redes. Ao contrário de que muitos comunicólogos temem, publicar informações de forma irresponsável e destemida, através de uma ferramenta que possibilita disseminar conteúdo para um mundo inteiro, estar longe de ameaçar qualquer carreira. Mas o desafio existe e precisa ser vencido com conteúdo de qualidade!
Ao dar voz e tornar possível a qualquer um publicar o que pensa, a internet se tornou a forma de comunicação mais inovadora dos últimos anos. É fácil observar isso se pegarmos como exemplos as principais formas de relacionamentos da rede, no mundo (na ordem do mais utilizados): MSN, Facebook, MySpace, Orkut, Youtube, blogs, Fotologs, e o mais recente Twitter. Mas essas ferramentas não se tornaram apenas numerosas. Elas deixaram o universo alternativo e vêm influenciando diretamente na forma de fazer comunicação séria no mundo. Muitas estão, cada vez mais, sendo utilizadas por diversas empresas (de comunicação ou não), como estratégia de busca no alcance dos objetivos e metas.
Surgido há dez anos, os blogs, por exemplo, estão deixando de ser um 'diário de adolescente' e se tornando uma poderosa estratégia de renda e proximidade com o cliente, utilizado por um número cada vez maior de empresas e demandando cada vez mais profissionais qualificados.
Eis que um novo eixo surge para o jornalismo. E com ele, o mundo de fontes confiáveis e administradas por profissionais, tem aumentando a credibilidade e a seriedade desse tipo de comunicação. Tudo isso influi diretamente na atuação do comunicador que se ver obrigado a se render às novas ferramentas, aderindo a blogs e outra mídias sociais, se não quiser se tornar um ser ultrapassado. A situação se agrava ainda mais quando se trata de profissionais de comunicação que não possuem, atualmente, um espaço para expor suas efervescências intelectuais, fazendo uso dos atributos oferecidos na universidade. Afinal, no jornalismo tudo parece experimental, e realmente é, se consideramos o tempo de vida do rádio e da televisão que ainda sofrem transformações. Imagine um veículo inovador como a internet...